quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Cirurgia Bariátrica: Vale à pena correr o risco?

Divido com vocês o depoimento de uma amiga que chegou à casa dos 3 dígitos na balança e resolveu reverter o jogo a favor dela. Não é nossa intenção, nem minha e nem dela, incentivar a cirurgia. O que incentivamos é a busca pela qualidade de vida, pela auto estima e o prazer de viver bem! As ferramentas para isso é você quem decide!


Moda Plus Size
Há quem diga que o Brasil está mudando o conceito a respeito das gordas. Com um mercado plus size em desenvolvimento, é um pouco mais fácil encontrar roupas em tamanhos grandes, a partir do manequim 46. Existem também sites destinados ao púbico GG e um certo movimento de aceitação do corpo gordo como ele é.
Mas entre viver com um pouco mais de facilidades e viver feliz, existe um caminho bem longo. Eu, particularmente, nunca me senti feliz gorda e acho que jamais teria uma autoestima tão elevada a ponto disso.
Quando decidi fazer a cirurgia, pesava 100kg distribuídos em 1,65m. Comprar roupas era um tormento, me olhar no espelho era ruim e a disposição física era quase nula. Com um filho de 4 anos para criar, decidi virar o jogo. Fiz a cirurgia em novembro de 2011 e, desde então perdi 17kg. A disposição melhorou muito, as roupas são fáceis de encontrar e passei a gostar do que vejo no espelho.
É claro que ainda há um caminho a percorrer; espero perder mais uns 10kg, malhar para endurecer o que restou. Leva-se cerca de 1 ano para estabilizar o peso após uma cirurgia bariátrica.
No meu caso optei pela cirurgia chamada sleeve, onde grampeia e corta-se uma parte do estômago. Fiquei internada 4 dias no hospital odiando cada um deles. Vomitei bastante, fiquei com um soro incômodo e alguns pontinhos (cirurgia feita por vídeo).
As primeiras semanas, até você começar a comer são as mais difíceis. Pensei inúmeras vezes ter feito a coisa errada, tamanha a vontade de comer e a frustração em ver os outros comendo. Mas te digo que tudo isso passa com o tempo. Hoje em dia como de tudo um pouco e se não posso comer fico de boa. Porque a cirurgia é uma reeducação alimentar forçada e a reeducação acontece na mente, não no corpo. A cabeça gorda é que tem que emagrecer!
É uma cirurgia mágica? Não. Se você quer mágica vá ao circo. A cirurgia é uma ferramenta e você tem que ter força de vontade, equilíbrio mental e abrir a mente para uma nova pessoa. É natural sentir-se mal às vezes, especialmente ao ingerir doces e gorduras; é natural mudar seus gostos alimentares e é natural testar seus limites. Já comi além da conta e vomitei, já comi sorvete e pensei que ia morrer, já me perdi no horário, deixei de comer e quase desmaiei. Adaptação é a palavra daqui para frente.
Então você deve estar pensando que não vale a pena! Eu te digo que vale e muito! Vale à pena caber numa calça jeans de marca boa ( que geralmente vão só até o 42). Vale a pena subir escadas e chegar no topo respirando normalmente. Vale a pena pegar seus exames de sangue e ver tudo em ordem. Vale a pena comprar roupas em lojas normais e se sentir linda. Vale a pena levar cantadas. Vale a pena fazer sexo se sentindo gostosa. Vale a pena ter uma relação normal com a comida. Vale a pena ser uma mãe bonita e disposta para brincar com seu filhote. Vale a pena olhar-se no espelho e ter prazer em fazê-lo!
É claro que existem os que são contra e acham um absurdo fazer uma cirurgia dessas quando existe no mundo alface e academias. Eu digo que só quem chegou a casa dos 3 dígitos e perdeu a auto estima pode dizer se a cirurgia vale a pena ou não. Por que quem é gordo não é por opção. Quem é gordo geralmente é viciado em comida e segue o esquema clássico: “Vou comer por que estou infeliz. Estou infeliz porque como demais”. 
O conselho que dou para quem pensa na cirurgia é o seguinte:  ponha a mão na consciência e escolha correr o risco de uma cirurgia ou correr o risco de um AVC, um infarto, diabetes e demais co morbidades decorrentes do excesso de peso. 



Carla Espínola é jornalista, tem 30 anos e mora em Balneário Camboriú, SC.