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Moda Plus Size |
Mas entre viver com um pouco mais
de facilidades e viver feliz, existe um caminho bem longo. Eu, particularmente,
nunca me senti feliz gorda e acho que jamais teria uma autoestima tão elevada a
ponto disso.
Quando decidi fazer a cirurgia,
pesava 100kg distribuídos em 1,65m. Comprar roupas era um tormento, me olhar no
espelho era ruim e a disposição física era quase nula. Com um filho de 4 anos
para criar, decidi virar o jogo. Fiz a cirurgia em novembro de 2011 e, desde
então perdi 17kg. A disposição melhorou muito, as roupas são fáceis de
encontrar e passei a gostar do que vejo no espelho.
É claro que ainda há um caminho a
percorrer; espero perder mais uns 10kg, malhar para endurecer o que restou.
Leva-se cerca de 1 ano para estabilizar o peso após uma cirurgia bariátrica.
No meu caso optei pela cirurgia chamada
sleeve, onde grampeia e corta-se uma parte do estômago. Fiquei internada 4 dias
no hospital odiando cada um deles. Vomitei bastante, fiquei com um soro
incômodo e alguns pontinhos (cirurgia feita por vídeo).
As primeiras semanas, até você
começar a comer são as mais difíceis. Pensei inúmeras vezes ter feito a coisa
errada, tamanha a vontade de comer e a frustração em ver os outros comendo. Mas
te digo que tudo isso passa com o tempo. Hoje em dia como de tudo um pouco e se
não posso comer fico de boa. Porque a cirurgia é uma reeducação alimentar
forçada e a reeducação acontece na mente, não no corpo. A cabeça gorda é que
tem que emagrecer!
É uma cirurgia mágica? Não. Se
você quer mágica vá ao circo. A cirurgia é uma ferramenta e você tem que ter
força de vontade, equilíbrio mental e abrir a mente para uma nova pessoa. É
natural sentir-se mal às vezes, especialmente ao ingerir doces e gorduras; é
natural mudar seus gostos alimentares e é natural testar seus limites. Já comi
além da conta e vomitei, já comi sorvete e pensei que ia morrer, já me perdi no
horário, deixei de comer e quase desmaiei. Adaptação é a palavra daqui para
frente.
Então você deve estar pensando
que não vale a pena! Eu te digo que vale e muito! Vale à pena caber numa calça
jeans de marca boa ( que geralmente vão só até o 42). Vale a pena subir escadas
e chegar no topo respirando normalmente. Vale a pena pegar seus exames de
sangue e ver tudo em ordem. Vale a pena comprar roupas em lojas normais e se
sentir linda. Vale a pena levar cantadas. Vale a pena fazer sexo se sentindo
gostosa. Vale a pena ter uma relação normal com a comida. Vale a pena ser uma
mãe bonita e disposta para brincar com seu filhote. Vale a pena olhar-se no
espelho e ter prazer em fazê-lo!
É claro que existem os que são
contra e acham um absurdo fazer uma cirurgia dessas quando existe no mundo
alface e academias. Eu digo que só quem chegou a casa dos 3 dígitos e perdeu a
auto estima pode dizer se a cirurgia vale a pena ou não. Por que quem é gordo
não é por opção. Quem é gordo geralmente é viciado em comida e segue o esquema
clássico: “Vou comer por que estou infeliz. Estou infeliz porque como demais”.
O conselho que dou para quem
pensa na cirurgia é o seguinte: ponha a
mão na consciência e escolha correr o risco de uma cirurgia ou correr o risco
de um AVC, um infarto, diabetes e demais co morbidades decorrentes do excesso
de peso.
Carla Espínola é jornalista, tem 30 anos e mora em Balneário Camboriú, SC.
Carla Espínola é jornalista, tem 30 anos e mora em Balneário Camboriú, SC.